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Pais denunciam desafios do tratamento e cobram políticas públicas para fornecer sensores de glicose gratuitamente
No próximo 16 de novembro, o grupo Vidas Tipo 1, realiza a segunda Caminhada pelo Dia Mundial do Diabetes, um movimento que reúne famílias, voluntários e apoiadores para dar visibilidade ao diabetes tipo 1 (DM1), mostrar o impacto da doença na vida de crianças e adolescentes e mostrar que diabetes não é tudo igual.

1ª Caminha, realizada em 2014 – Foto: Divulgação
Entre os participantes está Jadson Apurinã, pai de Abraão Lincoln, de 10 anos, diagnosticado com DM1 em 2019. Morador da comunidade indígena Ineamãnatã Apurinã, no bairro Cidadão XII, Jadson enfrentou vários desafios com o filho, como alteração na alimentação, mudança de rotina e também a falta de insumos, que nem sempre está disponível na unidade em que o filho está cadastrado para receber insulinas análogas, que são versões modificadas da insulina humana.
“Depois do diagnóstico, tivemos uma grande dificuldade para manter a glicemia na meta, pois a falta de conhecimento sobre a diabetes tipo 1 nos povos originários é grande. E o medo de errar a dosagem e causar uma convulsão ou até a morte nos rodeia. E a todo instante tivemos que nos adaptar com refeições mais balanceadas. Tivemos que aprender a ser enfermeiro para aplicar a dosagem”, relembra Jadson.
Ele também sofre um problema comum a todos os diabéticos tipo 1, a falta de insumos na rede pública: “Nem sempre tem nos postos de coleta, aí temos que recorrer às farmácias para comprar. Quando faltou pro meu filho, uma mãe do grupo Vidas Tipo 1 me doou, se não fosse ela, eu não sei como teria sido”, desabafa o pai de Abraão.
Isso ocorre porque os diabéticos tipo 1 que utilizam insulinas análogas fornecidas pelo governo do Estado só podem retirar o insumo na unidade em que estão cadastrados. Mesmo que o insumo esteja disponível em outra unidade, eles não podem fazer a retirada em outro local.
O que é Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune grave: o sistema imunológico destrói as células beta do pâncreas, que deixam de produzir insulina, um hormônio vital. Sem insulina, o corpo não consegue controlar a glicemia, e a pessoa corre risco de complicações sérias ou até morte.
A única forma de um diabético tipo 1 permanecer vivo, é através das múltiplas injeções diárias de insulina. Para manter um bom controle glicêmico, é necessário medir o nível de glicose no sangue pelo menos antes e depois de cada refeição, ou seja, precisa furar o dedo entre 6 e 10 vezes ao dia. Além de optar por alimentação mais saudável e ter que praticar atividade física.
Para crianças e adolescentes, essa rotina dolorosa torna o tratamento ainda mais difícil.
Insumos disponíveis na rede pública de saúde
Hoje, em Manaus é possível ter acesso a insulinas, glicosímetros, tiras e agulhas, mas o sensor de monitoramento contínuo de glicose ainda não é fornecido nem na capital nem no restante do estado do Amazonas. Essa tecnologia é essencial para reduzir o número de furos diários nos dedos, prevenir complicações e melhorar a adesão ao tratamento – especialmente entre crianças e adolescentes.
Mais de 30 cidades brasileiras já garantem o sensor, mas famílias amazonenses continuam lutando para ter esse direito.
Para Emilly Ferreira, mãe pâncreas e uma das coordenadoras da caminhada, a gratuidade do sensor é uma questão de dignidade e saúde pública:
“O sensor não é luxo, é vida. Sem ele, nossas crianças correm mais riscos de complicações. Precisamos que Manaus e todo o Amazonas adotem políticas públicas para fornecer gratuitamente os sensores para todas as crianças e adolescentes com diabetes tipo 1.”
O custo médio de um sensor que dura 14/15 dias é de R$ 300,00, ou seja, R$ 600,00 por mês.
A Caminhada pelo Dia Mundial do Diabetes em Manaus será realizada na Avenida Getúlio Vargas, dia 16 de novembro, às 7h da manhã, e será um ato de amor, resistência e alerta, mostrando que o diabetes não define quem a pessoa é, mas exige visibilidade, acolhimento e políticas públicas concretas para que crianças, adolescentes e adultos possam viver plenamente, com menos dor e com segurança.
Quem tiver interesse em ajudar de alguma forma na realização da caminha, basta entrar em contato com a coordenação pelo Instagram: @vidastipo1oficial.
Serviço :
Dia: Domingo, dia 16 de novembro
Hora: Às 7h da manhã
Local: Avenida Getúlio Vargas, Centro de Manaus